sábado, 1 de fevereiro de 1992

O Custo da vida


Esse monstro pavoroso, que nos faz desesperar, encolerizar, alucinar, e outras coisas acabadas em ar, não afecta a todos. Há uns quantos privilegiados, que por estarem demasiado alto, o monstro não lhes chega. Mas as pobres almas, cá em baixo, têm sempre esse bicho à perna. Muitos, para lhes escapar, tentam subir, mas debalde. Porém, alguns espertalhões, vendo que o balde‚ muito pequeno para chegar lá a cima, usam de artes e manhas, que incluem fazer das pessoas escada, para chegarem ao topo. E alguns conseguem! No entanto uma vez lá em cima, tornam-se num dos grandes, e não ligam puto àqueles que já foram seus iguais, e que não deixam de o ser.
Infelizmente, liga-se muito às alturas. Em baixo a plebe, como erva rasteira onde toda gente grande pisa. E em cima, os privilegiados, como frutos proibidos em suas árvores.
Por vezes acontece este bicharoco subir às árvores causando aí estragos, de tal modo que alguns frutos apodrecem. E quando isso acontece caiem. E onde? Em cima da erva‚ claro. Espalhando aí os seus detritos podres, causando mais problemas, como se os não houvessem já suficientes.
Mas como tristezas não pagam dívidas, e dívidas é coisa que não falta, o “Zé Povinho” vai empobrecendo alegremente. Mas não há-de ser nada.

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